COMO MOVER UMA MONTANHA
"Sobre aquilo de que não se pode falar, deve-se calar."
—Wittgenstein.
Passei horas tentando escrever uma linha sobre eu e você, algo que encaixasse as palavras - e ideias – prudência e amor. Ao fim, o Amor provou-se tão impregnado e tácito, que não descolou centelha alguma em palavra; retenção lírica que não se confunde com inexpressão: conhece o silencioso olhar enamorado? Ou as ações que dizem, que gritam, eu te amo?! Silêncios e ações, os quais só os que têm a chave - olhos para ver, ouvidos para ouvir – que reconhecem. Todo coração empedernido é cego, farpado por dor e receio. E a maior prudência de todas, foi-me o papel que se exigiu branco. Branco de tão puro, ou talvez branco de medo, que por vezes tem a furta-cor da prudência. Deus nos conceda o tão raro dom de discernir cores que nos furtam...
Fabiano de Andrade