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BLOG NÃO EM TESTE... "A CADA DIA QUE VIVO MAIS ME CONVENÇO DE QUE O DESPERDÍCIO DA VIDA ESTÁ NO AMOR QUE NÃO DAMOS, NAS FORÇAS QUE NÃO USAMOS,NA PRUDÊNCIA EGOÍSTA QUE NADA ARRISCA, E QUE, ESQUIVANDO-SE DO SOFRIMENTO, PERDEMOS TAMBÉM A NOSSA FELICIDADE." (CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE)


O Sábio


Foi em uma dessas noites casuais que o Sábio, andando a calcular o número exato de estrelas no infinito céu, ou quem sabe finito – intento de extrema precisão científica, quando sem calculo algum topa em uma fatídica pedra. Ele não sabe de onde saiu àquela pedra, mas uma vez que o chute fora de tal proporção que o sangue o fez esquecer por inteiro as mais altas constelações. E naturalmente colocou-se a procurar alguma teoria que explicasse aquela pedra e as relações delas com o seu pé, com o seu trajeto e com todas as suas irmãs-pedras, que em alguma probabilidade estavam distribuídas em alguma função desconhecida. Mas eis aqui uma questão que ficou suspensa: ele nunca se perguntou do porquê as estrelas esquecerem dele quando surgiu a pedra e a pedra não esquecer dele quando só havia estrelas?


Gladson Fabiano (em rápida conversa com a NeGa)
19 de Dezembro de 2008

E uma vez mais A cigarra e a Formiga.


- O que está fazendo rapaz?

- Estudando Teoria da Literatura.

- Rapaz, larga isso, vai estudar para concurso.

(silêncio)

Gladson Fabiano

17 de Dezembro de 2008



A (des)construção

À quase-amiga

Ei quase-amiga, se teu amigo por completo fosse

Contaria segredos repletos da gente

Então ouça comigo, como se eu confessasse

As coisas inteiras nas meias-verdades

Pois sei que revelando em parte

Com este teu jeito cético de sonhar

Descobrirá o meio-segredo

Em sua totalidade, como se assim fossemos

Amigos por completo


(Te desconstruo a cada palavra tua)


Tens o dom, quase-amiga

Ainda que insista em não acreditar

De ver a parte inexistente do arco-íris

Com teus olhos de prisma


(Me desconstruo a cada palavra tua)


Quando uma vez mais estivermos

Esperando algum ônibus passar

Com a vontade tal de levantar

E correr antes dele, ou melhor,

Viver antes dele!

Calado ao seu lado falarei

Numa quase-voz:


(A cada palavra nossa não somos os mesmos)


“O passado, agora movediço, foi bom viver”,

Para entender, e sei que entendes, por inteiro

“Que não se vive apenas uma vez”


(Nada mais é como antes de cada palavra tua)


“Estou gostando de você”, articulo

Para entender ainda que fale

Neste teu lindo sorriso desacreditado

Senta que isso passa, que

Nem tudo o que o tempo faça

Apaga a quase-chama dissimulada ou ausente

Que para não morrer se faz

Quase de que meio-inexistente


(Onde estivemos a cada palavra nossa?)


Sem sono na madrugada da vida

Pensemos na idade, mas não demos peso a ela

Maturidade é uma invenção infantil

Da infância morta pelo mundo


(Mas que construção faço a cada palavra tua?)


Contaria-te tudo isso

Para ao menos quase entender

O que quer dizer ao me perguntar

Neste falso tom casual:

Não pretendes, por enquanto morrer?


(O que faz de ti cada palavra tua?)


Digo não, por não saber responder ao certo

Afinal quantas vezes já estivemos nós

Vivos ou mortos nestes anos?!

Enfim, curioso quase te pergunto

Para você responder a ti mesma

Não se pretendes agora morrer

Mas até quando vamos indiferentes

Esnobar a vã morte e nunca temer morrer

Mas sim algum dia tarde descobrir a inteira verdade

Que vivemos uma vida pela metade,

E pior irá ser se o último suspiro for

“morri; com este quase viver que não arrisquei

descobri que não vivi”


(O que faz de mim cada construção tua?)


Eterna quase-amiga quero agora antes

Do porvir da nossa aurora que entendas

O que há nesta “altruísta” busca maior

Pela tua felicidade é a independência

A dois que ficou em algum lugar esquecido

Já ouviu falar que “somos um, mas não os mesmo?”


(para onde irá a construção de cada palavra tua?)


Mas não quase-amiga, isto tudo que falaria

Fica preso em mim como a poesia

De uma carta redigida, mas nunca enviada


(Contudo já não existíamos antes das palavras nossas ditas?)


Então do lugar onde estou apenas te vejo chegar tarde

Com teu jeito leve de ser e desejar-me:

“- Bom Dia!”


(Então façamos cada palavra tua)


Pois sabemos agora de certa forma difusa

Que não fomos apenas amigos

E dos quese-amigos que outrora fomos ou somos

já não sei.


(Agora vejo o que desconstruiu cada olhar teu

No silêncio meu; a planta desta construção

Há muito já se perdeu)

Gladson Fabiano

15 de Dezembro de 2008

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