nAdA AindA

BLOG NÃO EM TESTE... "A CADA DIA QUE VIVO MAIS ME CONVENÇO DE QUE O DESPERDÍCIO DA VIDA ESTÁ NO AMOR QUE NÃO DAMOS, NAS FORÇAS QUE NÃO USAMOS,NA PRUDÊNCIA EGOÍSTA QUE NADA ARRISCA, E QUE, ESQUIVANDO-SE DO SOFRIMENTO, PERDEMOS TAMBÉM A NOSSA FELICIDADE." (CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE)



AMOR-MOR



À Leidiane Pereira; sem verbo.





Amor que faz eco é amor maior, Amor-mor...



Chegamos ao tempo, - nosso tempo – que dizer


te amo, te odeio, não adianta,


tamanha é a traição de nossas palavras


perante a profunda consciência da gente.



Os corpos se desgastam em palavras,


Vocábulos são levianos, leve anos...



30 de junho de 2011



Fabiano de Andrade























O DESRESPEITO

O conheci no café da esquina, só nos restava um pão de queijo. Eu estava atrasada. Ele avistou primeiro o derradeiro pão de queijo, mas fingira que não o queria, deixando-o assim, para mim. Então, entrando na ciranda, eu fingi que não percebi. Mas propus dividi-lo. Eu usava meus óculos escuros, por receio que alguma lágrima da noite anterior ainda estivesse em meu rosto: “Nunca mais amar” fora a minha resolução. Em meio a conversa, tão quente quanto o café, notei sem querer que “a gente corre o risco de chorar um pouco quando se deixa cativar” estava escrito na capa da agenda dele. Em menos de dez minutos nos despedimos, sem menor compromisso futuro. Falei “tchau”, pensei “adeus.” Sem querer me atrasei nos dias seguintes. Quando havia mais que um pão de queijo esperava restar o último. Ás vezes, comprava todos e deixava lá o nosso último. Mas não queria correr o risco de chorar um pouco, não me deixei cativar. Ele me desrespeitou, mas não, não me deixei cativar. Acho que afinal, amor é desobediência mesmo. Por fim, não consegui evitar as lágrimas, nem mesmo no casamento...

Fabiano de Andrade

BALADA DO CORAÇÃO


Meu coração é vasto como o deserto

Dentro de uma ampulheta,

E sua tempestade, areia de alabastro

Dança de lado a outro

Casto, somente quer o bem; a quem?!

Criança a lançar o tempo,

Sobre inocentes; por amar, culpados.

O areal afoga em monte

Sem norte, tais corações ancorados

Sem ponte, em cais distintos.

Tinto menear de se apaixonar; minto?!

Queira oh meu Deus, que tal

Pulsação não seja meu natural

Batimento; violento

Intento de intenso viver – vil fraude.

Coração, não serias

Órgão feito pra bombear sinfonias?

Então, o meu não foi feito

Foi defeito apenas pra bombardear.

Se é assim: é tanto vasto

Quanto nefasto, meu poeril bailar.


Mas há de vir dilúvio, divina ventura

(Brotar no ventre do tempo, semente pura)

Chuva a transformar meu deserto vasto em pasto.

Fabiano de Andrade

16 de abril de 2011

A GALINHA É O OVO


Deve-se confessar que está implícito que amor é amor e amizade é amizade senão, jamais perguntariam é “namoro ou amizade?”. Perdão; vejo que, sem querer, cometi a sutil indiscrição de confundir amor com namoro, mas senão houver amor dentro do namoro, qual é o sentido?!, ficaríamos só com o N e O, – e /NU/ só, não tem nem sentido nem graça. Porém, não consigo achar modo claro de combinar as letras da amizade para formar amor ou namoro. Na verdade, a dinâmica dessa estrutura é tão viva, que logo, pela claríssima luz, ocorre à cegueira. Vejamos este íntimo retículo cristalino passo a passo:

Passo primeiro: É necessário, antes de tudo, demarcar as fronteiras vindas da superfície do amor que o separa do terreno da amizade, e vice-versa. É inerente à amizade poder falar tudo e não ser prejulgado; nem sempre concordar, mas ser compreensível e compreensivo; não sofrer represália, pois aceita-se a condição humana de ter dúvida, ser inseguro; poder fazer confissões que não faria a mais ninguém; contar grandes segredos ou contar bobagens só por contar, ou não dizer nada e sentir que não se está calado, ser cúmplice e sentir-se conhecido pelo outro, não pensar que dizer uma mentira é, por enquanto, a melhor opção, mas sim falar a verdade, por mais cruel e repulsiva que seja; poder sorrir e sentir que o riso ecoa por não se estar só; poder chorar lágrimas de fel, mas sentir-se abraçado, pois com este amor se suporta o peso do mundo... digo, com esta amizade...

Passo segundo: derrapou-se na indistinção do primeiro passo.


Fabiano de Andrade

01 de março de 11

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