nAdA AindA

BLOG NÃO EM TESTE... "A CADA DIA QUE VIVO MAIS ME CONVENÇO DE QUE O DESPERDÍCIO DA VIDA ESTÁ NO AMOR QUE NÃO DAMOS, NAS FORÇAS QUE NÃO USAMOS,NA PRUDÊNCIA EGOÍSTA QUE NADA ARRISCA, E QUE, ESQUIVANDO-SE DO SOFRIMENTO, PERDEMOS TAMBÉM A NOSSA FELICIDADE." (CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE)


Sobre peixes e a ostras


Toc! Toc!

- Sou eu o peixe palhaço, tenho um pedido a te fazer!

- O que queres?! Tua alegria aqui é bem vinda, mas fique aí fora!

- Mas não é isso Dona Ostra, gostaria muito de sua companhia!

-Já disse que aqui ninguém entra! Estou muito bem aqui sozinha; é seguro e confortável.

- Mas, Dona Ostra...

- Não adianta insistir, podemos ficar assim como estamos, você rindo aí fora e eu, aqui dentro, lhe garanto que a alegria não será diferente, esta será a justa medida de nossa felicidade!

- Podemos conversar Dona Ostra como sempre fazemos, mas não seria muito melhor se mudarmos...

- Mas que tamanha persistência vá embora, ou melhor, deixa-me aqui dentro, e fique rondando por aqui, conte-me aquela piada do bacalhau!

O peixe palhaço sem entender vai embora, logo vem uma sardinha ciumenta e pergunta:

- Ei Palhaço, o que queria você com aquela Ostra?

- Estava fazendo um convite a ela, mas foi inútil. Não me conformo, mas tenho que me conformar que terás por conta própria descobrir esta verdade, ou quem sabe outra melhor que esta.

- Descobri o quê?!

- Não entendo... em nenhum momento pedi para entrar na concha... Quanto tempo demorará a notar que aquela concha não serve para manter o mundo do lado de fora e sim, somente para trancar-se do lado de dentro... Eu não pedi para entrar... Ia convidá-la para sair. É... mas sejamos compreensivos e acertemos nossos relógios, todos precisam de seu próprio tempo.

- O quê? Não entendi, mas já que ela não aceitou, ou nem quis ouvir, vamos, eu aceito!

- Hã?! Quando te convidei para sair?

-Há pouco, não lembra?!

- Mas espera, deixa-me ver que horas são... Puxa! Só agora vejo que entrou água em meu relógio! Ah! Tubo bem, vamos...

Gladson Fabiano,

20 de janeiro de 2009


Enfim


Ele, sobre o frio chão da praça, descansa

Embaixo do poste de fraca luz

O velho sonha com a infância

Da criança que era dona do mundo, que seduz


Pareceu a eternidade o tempo que ali ficou

“Quantos sonhos nós por toda vida sonhamos?

Quantos realizamos?”Imagino que se perguntou

E estático continuou. “No fim o que valemos?”


Horas depois quem o notou imóvel demais?

Foi a liberdade dos pés de um distraído que ria

Que lembrou, sem querer, do incomodo que jaz


Não sonhava, morria; e quem o viu viver?

Pior do que não ter alguém para notar que se viveu

É ninguém para lembrar que se já morreu ou existiu

Gladson Fabiano

17 de Janeiro de 2008

Orvalho

Na primeira manhã do ano acordara antes mesmo que a noite se despedisse, estava ela debruçada sobre as flores de seu jardim, o cheiro misturava-se com o frio da manhã, não sei segredar ao afetuoso leitor o que se passara na noite anterior, mudanças de ano, podem existir ou não. As borboletas passeavam em torna de nossa heroína. Estava eu longe a observá-la, fui me aproximando lentamente para não assustá-la. Permanecia de costas para mim, por longo tempo não se mexia, e quando acontecia algum movimento era breve e terno, contemplava àquelas flores por horas. Conversei breve, não tive mais de duas ou três frases inteiras, antes do “tchau”. Lembro que ela lançou apenas um sorriso curto, daqueles que damos com uma pequena quantidade de ar; pouco do alvíssimo dente mostrou-se, este riso veio logo depois que fiz um comentário desses quaisquer que fazemos para prolongar o inevitável fim das coisas: “Lindas flores essas entre suas mãos, nelas, como brilha o orvalho ao sol da manhã”. Fui embora e nunca pude solucionar o mistério desse orvalho.

Gladson Fabiano

09 de Janeiro 2009



Se


Insistente caridade de não machucar,

Prevendo todo o depois não entrega o agora

mata a vida com medo da morte que apavora

“Não penso em mim, só não quero te frustrar”


Na porta desta sala, uma tabuleta de inscrição:

Precaução, Beneficência e Compaixão

Sem querer, desculpe, olho através da fresta

Sem chave alguma para entrar, ler é só que me resta:


Sonhos é o que nos motiva a andar

Queres viver, sei, e te digo que tuas asas

Não tenho eu, então não faça de mim brasas

Que abaterá a quimera que anseia a voar.


Dentro de ti, um estatuto

De uma liberdade feroz que ama

Descobrirá que somente és tu mesma

Teu próprio algoz que agora clama.


Senta que passa tudo: o estatuto

A preocupação, a dor, o sonho

A felicidade, o amor, a vida...

Tudo passa.

Gladson Fabiano

09/04/2009



Seguidores

Concerning Hobbits

Comentários

Concerning Hobbits

Mais lidos...

Contador de visitas

Quem aqui pisou.

Onde está você agora?

Widget by SemNome