BALADA DO CORAÇÃO
Meu coração é vasto como o deserto
Dentro de uma ampulheta,
E sua tempestade, areia de alabastro
Dança de lado a outro
Casto, somente quer o bem; a quem?!
Criança a lançar o tempo,
Sobre inocentes; por amar, culpados.
O areal afoga em monte
Sem norte, tais corações ancorados
Sem ponte, em cais distintos.
Tinto menear de se apaixonar; minto?!
Queira oh meu Deus, que tal
Pulsação não seja meu natural
Batimento; violento
Intento de intenso viver – vil fraude.
Coração, não serias
Órgão feito pra bombear sinfonias?
Então, o meu não foi feito
Foi defeito apenas pra bombardear.
Se é assim: é tanto vasto
Quanto nefasto, meu poeril bailar.
Mas há de vir dilúvio, divina ventura
(Brotar no ventre do tempo, semente pura)
Chuva a transformar meu deserto vasto em pasto.
Fabiano de Andrade
16 de abril de 2011