A literatura me faz sentir saudade daquilo que nunca vivi, tal qual a saudade sentida nos primeiros segundos do acordar dos sonhos mais desejados. A literatura fascina-me com tons de lugares que nunca visitei, países que nunca pisei, mundos onde nunca darei as caras; tudo isso tal qual a fascinação das inalcançáveis estrelas. A literatura me faz conhecer pessoas profundamente, em seus piores defeitos e maiores qualidades; faz-me odiar umas, amar outras, e sei, lamentavelmente, que todas nunca existiram nem existirão. A literatura me impele às aventuras jamais sonhadas, peripécias que valeriam enfim a vida, e nos fariam, em leito de morte, sorrir gratos pelo tempo que aqui se passou: assim, não haveria arrependimentos. A literatura me faz sentir um silencioso entendimento do mundo, como a compreensão absoluta que há entre tão somente o olhar dos amantes ou, quem sabe, a mesma apreensão do mundo que há no pôr-do-sol. A literatura, ainda que não seja vida, vivifica-me. Eis alguns motivos meus do porquê literatura. Mas o outro lado da balança pesa infinitamente, pois ela própria, a literatura, tão ré, juíza e promotora de si mesma, me fala que a melhor definição de amor não vale um beijo. A vida deve ser sempre pré-literária, ainda que ambas se embaracem. Sim, a melhor definição da vida não vale um passo dado.
Obs.: Jazem aqui duas contradições: o primeiro o escritor, o segundo o leitor.
Gladson Fabiano de Andrade Sousa
29 de dezembro de 2009
2 comentários:
= }
agora nas férias podemos viver e escrever mais :D
SEUS POEMAS SÃO MAGNÍFICOS, GLAD. SE EU TIVESSE CONDIÇÕES, OS PUBLICARIA. O QUE ACHA DISSO?
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Você acha isso mesmo?! Hum... interessante XD