OÁSIS
Perdoe-me
Deus, fizeste-me homem e sabias que eu era fraco. De tantas faces que é do
homem há sempre um vértice onde todas elas se tocam: é um esforço sobre-humano
manter-se acreditando, manter-se fiel a si mesmo. Somos tão propensos às
efusões, derramamentos que nos arrebatam e arrematam, efusões de luz e de
sombras, torrentes de vida e de morte que nos vêm diariamente. Manter-se
constante as ondas é sermos mais emperdenidos do que as rochas, e nos anos, nem
as encostas permanecem intactas. Sou homem, não sou Deus, nem defunto, meu
coração ressoa diante de sinfonias por que passo. Nos anos nada, nada se provou
tão forte quanto o poder no acreditar; é tão fácil abismar-se, tantos são os
socos, bocas e olhares, contrários que nos desejam terrivelmente céticos,
brutalmente cínicos, mortalmente insensíveis e desacreditados, amedrontados
pela falta de fé, onde nada se afirma nem se nega, só se duvida...
Neste
eterno movimento de crença e descrença é sempre preciso reerguer-se, e tanta
coisa pode ser o ponto de apoio, há sempre, sempre uma mão estendida a ser
descoberta ou inventada. Inúmeras vezes já voltei a olhar para cima, submergir
como quem sai de um mergulho profundo onde quase se afogou e busca um infinito fôlego,
todo o ar do mundo para tão pequenos pulmões. Os amigos são uma forma de tocar
o divino; Hoje, em dias cinzas, encontro outra mão, outra razão a ressuscitar e
fortaleço meus outros motivos. Poderia
citar alguns amigos, que talvez nem saibam que o são, mas gosto de fazer
tesouros particulares, únicos, - ilhas só nossas, como minha mania de renomear
cada um. E este pertence à pessoa que me falou em SMS:
“Tava lendo “EM MEUS HÁ MARES” Lembra? É muito
perfeito! Sempre que leio fico pensando com a certeza que perfeição existe, é
sério! Bjo! Com saudade! :)”
Provavelmente
essa pessoa falará entre dentes: DISgraçado, publicou meu SMS” e depois, com
voz de guria chorona “aiii que vergonha”. Suzanne Guimarães, apesar de ser a
pessoa que nunca concorda comigo “onde o poema deve acabar” e sempre relutar em
dá opiniões “por não entender nada disso tecnicamente”, é alguém que acredito
profundamente na intuição natural e sensibilidade que se expressa em
exasperações, gestos de mãos e faces. Ao fim percebo que tudo funciona de modo
simples: é acreditando nas miragens,
nossas ou alheias, que ao fim nos pegaremos corados e nadando em piscinas naturais
de nossos oásis. Amigos são aquelas pessoas que fazem nossas loucuras fazerem todo
sentido; e em verdade digo, dou razão a cada louco, e vice-versa...
Fabiano
de Andrade
23
de Maio de 2012
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Você acha isso mesmo?! Hum... interessante XD