SOFISMAR
Não querida, não
posso ficar admirado
Com o lindo resultado
deste brincar...
Já que findo,
digo: os dados do cupido são viciados.
Mas espantado - Sim!
- fico com o teu proceder.
Que escola é essa
onde aprendeste tão bem
Que deves afastar-se
de tudo o que é profundo?!
Quão fecundo foi
o entreter de teu mundo:
O ir e vir da
mesma moeda,
Euforia e alegria
Vivaz, ser tudo,
viver tudo!
Voraz, devorar a
paz.
Doses letais,
aliás, desiguais...
Liberdade
torrencial, pervicaz.
O que se quis
devorar?
Manuais:
Cais.
Beirais.
Divinais!
(fugaz; fatais, Ineficazbanais)
Trás e zás!...
...Funerais...
Nos teus maiores
funerais estavas cantando.
E o defunto,
insepulto, não chorava, não ria, não sentia
Pois nada sabia, nem
mesmo que morria!
Mas veja que ironia:
querendo nada conquistar,
Por medo de
perder
(E lembrar-se por
demais do já perdido uma vez)
fugistes de mergulhos,
Covardemente
E virastes uma
afortunada!
Em teu preencher
com superfícies vorazes
– vazias
Nada mais podes
perder.
Pois já não tens
tua melhor, maior e única posse.
Nadaste em
superfícies, e em superfícies afogaste.
Perdeu-se a
deriva, nadando na superfície do mar.
Eia esquiva, superfície
é face! que tu não tens mais.
Fabiano
de Andrade
24
de abril de 2012