SÍNDROME DE BARTLEBY OU POEMA DA DESPEDIDA
O jovem poeta que vivia a perguntar
O parecer alheio sobre os versos seus
Sentenciou-se espantado ao se revelar
Que o maior, melhor: crítico mais severo.
Único a dar ouvidos, abraços e versos
É senão ele mesmo: sereno e sincero!
Então, de tão olímpica ciência poética
A pena esqueceu, nunca mais escreveu!
Dizia com sorriso sério: é questão de ética!
Aspiro uma poética tão majestosa
Como aspira feroz a Vida um suicida:
Na inaptidão vergonhosa, adeus glosa!
Na inexatidão perniciosa, adeus vida!
Ah noção de poesia, porque tão grandiosa?!
Como é a noção de vida para o suicida!
Enfim, interrompeu para sempre o escrever
Como aquele eternamente deixou o não viver!
Fabiano de Andrade
19 de março de 12