EM MEUS HÁ MARES
Temos muitos motivos para amar algo, mas o maior motivo de amar é não ter motivos e amar. Ao menos, não motivos clandestinos; estes são motores perecíveis; este é pretexto de ter um fim, que se desvia da semântica de ser finalidade e vela-se em manto do fenecimento; enfim, é sentir o interior preenchido por algo externo, alheio. Mas amo cada coisa a meu modo, a meu tato, em meu particular. Assim, afirmo, para ilustrar, que amo Lygia, Clarice, Machado, Guimarães, Cabral e Quintana entre outros. Mas amo Lygia, com minha pele em frêmito, amo Clarice com meu coração voraz combustando-se em vida, amo Machado com a minha alma sublimada em lágrimas - de riso ou choro, amo Guimarães com meus pés tateagustando o solo do mundo, Cabral com a inignorável pedra fincada em meu solado, pedra como sonho, que não se extirpa; e amo Quintana com minhas asas que desde menino olho em minhas costas pelo espelho do banheiro.
Gladson Fabiano
29 de setembro de 2010