ALHEAMENTO
Eu aprendi a viver com minha solidão,
Tal qual com meu animal de estimação.
Meu cachorro
Me traz o jornal da porta
Minha solidão
Me traz a mim mesmo de um lugar
Que nem sei...
Fabiano de Andrade
AOS 23
Afinal, já vivi o suficiente para entender
Que: problemas sem solução – existem;
Que: as mudanças de estações – insistem;
Que: aniversários são apenas dias – a entreter;
Que: a felicidade do natal é efêmera – não há renascer;
Que: as feridas que só o tempo cura – se abrem;
E que: juras eternas se rompem – a despeito do alvorecer;
Devo ainda dizer,
...Calendários não prestam como páginas de diários.
Mas principalmente já vivi o suficiente
Para amar tudo isso e viver a me atrever
E atrevo-me: a perder noites de sono procurando solução;
E atrevo-me: a crer que talvez, dessa vez, fique esta estação;
E atrevo-me: a festejar, pois aniversário é um dia especial;
E atrevo-me: a ter fé no recomeçar do espírito de natal
E atrevo-me: a dizer que feridas viram cicatrizes
E atrevo-me: a declarar “eu te amo”, e dizemo-nos felizes!
Pois além do afinal, finalmente entendo que entender
Não é tudo; é só vaidade a preservar-se e enganar-se em não sofrer
Tapear-se é um ato de liberdade e conservação da inocência aparente
Pois a maior enganação mesmo é achar que a inocência é inocente.
Gladson Fabiano
21 de outubro de 2010
EM MEUS HÁ MARES
Temos muitos motivos para amar algo, mas o maior motivo de amar é não ter motivos e amar. Ao menos, não motivos clandestinos; estes são motores perecíveis; este é pretexto de ter um fim, que se desvia da semântica de ser finalidade e vela-se em manto do fenecimento; enfim, é sentir o interior preenchido por algo externo, alheio. Mas amo cada coisa a meu modo, a meu tato, em meu particular. Assim, afirmo, para ilustrar, que amo Lygia, Clarice, Machado, Guimarães, Cabral e Quintana entre outros. Mas amo Lygia, com minha pele em frêmito, amo Clarice com meu coração voraz combustando-se em vida, amo Machado com a minha alma sublimada em lágrimas - de riso ou choro, amo Guimarães com meus pés tateagustando o solo do mundo, Cabral com a inignorável pedra fincada em meu solado, pedra como sonho, que não se extirpa; e amo Quintana com minhas asas que desde menino olho em minhas costas pelo espelho do banheiro.
Gladson Fabiano
29 de setembro de 2010
SEI, MAS VEJA ENFIM!
Sei,
Deveras admirável parece ser
A mão amiga que se estende
A quem lacrimeja seu sofrer
E é; mesmo se nada entende
Mas,
Muito além dos humanos ais
É o milagre de algum homem
Amparar gritos de silêncios tais
Pois ouvidos, tão só em si tem
Veja,
Que tal dor que se sofre sorrindo
Com imensa alegria feliz se diria
Não fosse o fatal encontro consigo
À noite, ao travesseiro: único amigo.
Enfim,
Tu serias incapaz de notar mais
Que tudo acabaria ao dormir:
Por ora, fugaz, mas única pazZZz
ZZZzzzZZzzZzzzzzzzzzzzzzz...
Gladson Fabiano
10 de setembro de 2010
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